A alta incidência está associada ao HPV, vírus sexualmente transmissível responsável pela infecção que causa câncer na região e infecta pelo menos 80% das mulheres com vida sexual ativa, segundo o Inca.
O ginecologista Alexandre Pupo, dos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, de São Paulo, explica que, embora sejam os principais responsáveis pela doença, nem todos os tipos de HPV são considerados oncogênicos, ou seja, com potencial para causar câncer.
Pupo ressalta que o simples fato de ter o vírus no corpo não significa que a mulher desenvolverá câncer. Para isso, é necessário que este HPV seja oncogênico e que a infecção seja recorrente e persista ao longo dos anos.
Além disso, se identificada em estágio inicial por meio de exames preventivos como o papanicolau, a infecção pode ser tratada antes de se tornar um tumor.
"Com o tempo, esse HPV causa uma pequena alteração celular, muitas vezes identificada pelo papanicolau, que é uma lesão não visível a olho nu. No início, não é necessário fazer nada, basta acompanhá-lo, e esse quadro pode se reverter. Se isso não acontecer dentro de um a dois anos, é possível cauterizar ou de alguma forma fazer uma destruição dessas células", explica o ginecologista.
No entanto, se nada for feito para tratar essa lesão ou mesmo que passe despercebida em testes preventivos, ela ainda pode evoluir para dois estágios antes de se transformar em um tumor maligno com potencial para invadir outras células.
"[O terceiro estágio] já é considerado um carcinoma e é cirúrgico obrigatório. O médico deve remover o fragmento do colo do útero que está doente e examiná-lo em laboratório para confirmar que não há outro lugar onde a célula está incutindo", explica Pupo.
Sintomas e tratamento
Os principais sintomas do câncer cervical são sangramento durante e após a relação sexual, e alta com odor sujo e aparência sanguinária. No entanto, antes dessas manifestações, é possível identificar as pequenas lesões causadas pelo HPV por papanicolau.
Se o diagnóstico for feito tardiamente e a lesão já se transformar em câncer, o tratamento dependerá da evolução do tumor e do tamanho em que ele está. Além de remover a parte do útero – ou mesmo todo o útero – através da cirurgia, pode ser necessário que o paciente faça tratamentos quimioterápicos.
Prevenção
A principal forma de prevenir esse tipo de câncer é a vacina contra o HPV, disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) para meninas de 9 a 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos de idade. O imunizante protege contra os tipos de HPV 16 e 18, que respondem por 70% dos casos de câncer de colo do útero, segundo o Inca.
"Aqueles que são vacinados têm o risco praticamente próximo de zero de desenvolver câncer cervical. Então a vacinação é fundamental e é uma campanha mundial, pois se todos vacinarem será possível erradicar esse tipo de câncer", diz o ginecologista.
O Inca ressalta que o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais também podem aumentar o risco de desenvolver câncer. Além disso, o uso de preservativo durante a relação sexual é importante para conter a circulação e a contaminação do HPV.
Além dessas medidas, o Ministério da Saúde recomenda que exames ginecológicos preventivos, como o Papanicolau, sejam realizados para mulheres a partir de 25 anos de idade.
"Abaixo dessa idade é um período ainda muito precoce para o HPV causar quaisquer alterações que levem ao câncer. Temos casos esporádicos de pacientes que progridem para uma lesão cancerígena antes dos 25 anos, como mulheres imunossupressores, seja por transplantes, quimioterapia ou HIV, por exemplo, por isso é importante iniciar o acompanhamento mais cedo nesses casos", explica Pupo. Para o grupo citado pelo médico, a vacina também é recomendada até os 45 anos.
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